Teatro Chekhov

TÉCNICA DE MICHAEL CHEKHOV
A técnica de Chekhov tem como objetivo desenvolver a individualidade criativa a partir de exercícios de presença no corpo e de práticas de expansão da consciência. Apesar de ter sido pensada para atores, está claro que as suas dimensões artística e terapêutica se estendem para além do teatro. Os exercícios criados por Chekhov servem como ponte para uma conexão com arquétipos da natureza que, assim, transportam quem os pratica para um estado de fluidez natural.
A técnica assenta nos três pilares descritos por Rudolf Steiner para alcançar o conhecimento dos mundos superiores - a imaginação, a inspiração e a intuição - unindo, assim, o indivíduo à natureza criadora.
Chekhov classificou a sua técnica como psicofísica uma vez que o seu princípio básico é unir o corpo e a mente. A partir da imaginação são gerados impulsos criativos no corpo que inspiram o praticante a atuar no mundo. Desta forma, a perceção da realidade interna e externa torna-se intuitiva e desperta, assim, uma dimensão mais elevada da consciência.
Os exercícios psicofísicos partem de princípios arquetípicos como o leve e o pesado, a contração e a expansão, e as qualidades do movimento associadas aos temperamentos (moldeado/melancólico; fluido/fleumático; voo/sanguíneo; irradiação/colérico). A realização dos exercícios implica trabalhar com a atenção e a concentração uma vez que se procura desenvolver a sensibilidade aos impulsos que emanam da imaginação.
A técnica de Chekhov é uma ferramenta valiosa para desenvolver o Eu criativo que une em vez de separar, que acolhe e transcende os impulsos da mente que têm origem em estados emocionais desequilibrados. Assim é possível melhorar a capacidade de lidar com estados de ansiedade, de stress e de depressão que alteram a consciência do momento presente.
Michael Chekhov foi um ator russo nascido em 1891. Entre 1912 e 1917 integrou o Teatro Arte de Moscovo (TAM) sob a orientação de um dos maiores mestres do teatro de todos os tempos: Constantin Stanislavski. Segundo este, Chekhov era o seu melhor aluno. Depois de uma crise que o retirou do palco e o levou a encerrar-se em casa durante um ano, estudou a fundo as filosofias orientais e a Antroposofia que viria a ser a base para desenvolver a sua técnica para o treino do ator. Como diretor do TAM pôde colocar as suas ideias em prática com o grupo de atores que dirigia, contudo em 1927 foi forçado a abandonar a Rússia acusado de utilizar técnicas místicas.
Depois de fugir do seu país e de trabalhar em diferentes países da Europa e nos EUA, em 1936 é convidado por Beatrice Straight para regressar a Inglaterra e aí fundar um estúdio na escola de Dartington Hall, uma instituição de educação progressista com disciplinas como agricultura, música e dança contemporânea. Durante esse tempo trabalha com Alice Crowther, professora de euritmia e arte da palavra, que acompanha os atores que trabalham no estúdio.
Três anos depois inicia-se a II Guerra Mundial que o obriga a regressar e instalar-se definitivamente nos EUA. Primeiro em Ridgfield onde volta a iniciar um novo estúdio, depois em Nova Iorque. Finalmente, em 1943, muda-se para Hollywood e inicia uma carreira cinematográfica que o leva a ser nomeado para um Óscar com o filme Spellbound de Hitchcock. Depois da sua morte em 1955, muitas pessoas continuaram a transmitir o seu método, tanto na prática como na reedição dos seus escritos e na edição dos áudios das suas aulas. Nos dias de hoje, a influência de Chekhov permanece viva e inspira as mais diversas áreas artísticas e terapêuticas.
TERAPEUTA
Psicólogo, com mestrado em Neuropsicologia. Trabalha diariamente no acompanhamento a pessoas que sofreram dano cerebral adquirido e às suas famílias.
Desde o início da licenciatura esteve ligado a grupos de teatro em contexto de saúde mental (Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos, Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Provincial Psiquiátrico de Zamora, Grupo de Teatro da Casa de Santa Isabel). Tendo desenvolvido um interesse pelo teatro como ferramenta terapêutica tornou-se ator (não-profissional) e professor da técnica de Chekhov para atores, formado na Michael Chekhov International Academy, em Berlim.
Viveu 8 anos numa comunidade terapêutica antroposófica onde acompanhou pessoas com necessidades educativas especiais e se formou em Pedagogia Curativa e Socioterapia.
É também terapeuta a título individual, especializado em terapia e meditação Transpessoal pela Escola de Desenvolvimento Transpessoal.
E-mail: franciscopoppe@gmail.com